Pesquisa indicou que a minoria tem coragem de denunciar a prática abusiva, principalmente por medo de perder o emprego e passar por qualquer tipo de retaliação
De acordo com uma reportagem da BBC Brasil, 52% dos brasileiros que já sofreram algum tipo de assédio moral e/ou sexual no trabalho. O número foi divulgado após uma pesquisa do site Vagas, que preservou a identidade dos 4.975 profissionais entrevistados. Se, no ano passado 42% dos brasileiros afirmaram já ter sofrido com o assédio moral, agora esse número cresceu para 47,3%. No caso específico de assédio sexual, 9,7% dos entrevistados disse já ter passado por situações desse tipo.
Os resultados da pesquisa mostraram também que as mulheres costumam sofrer mais com esse tipo de problema. Os dados de assédio moral apontaram proporções semelhantes, com 48% dos homens e 52% das mulheres. Quando se trata de assédio sexual, o quadro fica ainda mais alarmante e é quatro vezes mais comum entre elas, atingindo 80% das mulheres entrevistadas e 20% dos homens. Outro dado alarmante mostrou que apenas 12,5% das pessoas que sofreram os assédios denunciaram o agressor, sendo que os principais motivos para não denunciar são o medo de perder o emprego, de sofrer represália, vergonha e medo de achar que a culpa era da própria vítima.
Foram ouvidas pessoas de todas as regiões do país e, dos 48% que não sofreram nenhum tipo de assédio, 34% já presenciou algum episódio de abuso. Para que o assédio moral seja configurado, o assediador deve necessariamente ser hierarquicamente superior ao assediado, com a repetição de condutas humilhantes ou agressivas. Uma ameaça isolada não pode ser classificada como assédio, apesar dessa conduta ser passível de punição. Já para configurar o assédio sexual, ou seja quando a pessoa usa a sua condição hierárquica para conseguir vantagens sexuais, basta uma única tentativa.
De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a violência moral e sexual no ambiente de trabalho não é um fenômeno novo e, por isso, há a necessidade de conscientização da vítima e punição do agressor, permitindo a identificação de atitudes e riscos invisíveis que degradaram o ambiente de trabalho. Os gestores devem ter em mente que oferecer um ambiente de trabalho saudável física e psicologicamente pode fazer a diferença para que as empresas consigam produzir mais e fidelizar os seus colaboradores. As atitudes positivas cativam o respeito do funcionário e, de certa forma, também geram estímulo na realização das tarefas diárias a partir da valorização pessoal.