No espaço de 10 anos, as duas doenças LER e DORT representaram mais de 67 mil casos entre trabalhadores brasileiros.
Em estudo feito pelo Saúde Brasil, do Ministério da Saúde, foi constatado que as Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e os Distúrbios Osteomusculares Relacionais ao Trabalho (DORT) são as doenças que mais afetam os trabalhadores brasileiros.
O estudo foi realizado com informações do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). O levantamento mostrou que durante os anos de 2007 e 2016, 67.599 casos de LER e DORT foram comunicados. Durante este período, houve um aumento de 184%, com mais de 3000 ocorrências em 2007 para 9.122 em 2016.
Os dados indicam aumento na exposição de trabalhadores a fatores de risco, o que pode acarretar em incapacidade funcional. As LER e DORT foram recorrentes em trabalhadoras do sexo feminino (51,7%), entre 40 e 49 anos (33,6%) e indivíduos com ensino médio completo (32,7%). A região sudeste foi a que registrou o maior número de casos com 58,4% no país durante o período. Em 2016, os estados do Mato Grosso do Sul, São Paulo e Amazonas apresentaram os maiores dados de incidência.
Em setores ocupacionais, a LER e DORT se apresentaram, em sua maioria, em profissionais que atuam nos setores industriais, comerciais e relacionados à serviços domésticos. Nas profissões, os faxineiros, operadores de máquinas fixas e cozinheiros foram os mais atingidos com algum desses problemas de saúde no trabalho.
SOBRE AS DOENÇAS
A LER e o DORT são danos causados pela utilização excessiva do sistema que movimenta o esqueleto humano e da falta de tempo para recuperação. Tem em suas características vários sintomas nos membros superiores, tais como dores, sensação de peso e fadiga. Entre elas, lesões no ombro, inflamações em articulações e nos tecidos que cobrem os tendões são as que se destacam.
Essas doenças podem prejudicar a produtividade laboral, participação na força de trabalho, comprometimento financeiro, além de serem responsáveis pela maior parte dos afastamentos do trabalho, representando custos com pagamentos de indenizações, tratamentos e processos de reintegração à ocupação.
PREVENÇÃO
O Ministério da Saúde recomenda aos empregadores atenção à Norma Regulamentadora 17, que estabelece parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, assim, proporcionar um conforto, segurança e desempenho eficiente.
É importante destacar que os empregadores devem promover ações de educação em saúde aos trabalhadores em conjunto com os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) de cada região.
CEREST
Os CEREST compõem a Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST), implementada de forma articulada entre o Ministério da Saúde, as Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios.
A RENAST faz parte da rede de serviços do SUS, voltados à promoção, assistência e vigilância, para o desenvolvimento das ações de Saúde do Trabalhador.
Também é aconselhável que os empregados realizem ginástica laboral no local de trabalho, criação de hábitos de pausas regulares durante o período de trabalho, realização regular dos movimentos corporais, evitar horas extras e sobrecarga mental, uma vez que também possuem participação essencial neste fluxo.
A qualquer sinal de dores, o trabalhador deve procurar um médico especialista.